LINHAS SINUOSAS E CRUÉIS DO DESEJO
-Você não pode me falar assim; não é lícito que me fale assim. Por que me ofende? Por que me ofende precisamente aqui, diante do senhor advogado, que tolera nossa presença, a sua e a minha apenas por piedade? Você não é melhor do que eu, porque também você está acusado e ambos temos um processo. Se você, apesar de tudo, é um senhor, eu sou tão senhor quanto você, se não ainda mais. Por isso quero que quando falem comigo, tratem-me como tal e especialmente você.
(...)
F, Kafka - do livro O processo
Vanessa da Mata impõe uma música de fundo, ao lado do rebelde do Charlie Brown: http://www.youtube.com/watch?v=ScshwaCBQCA . O mundo não é feito de iguais. Ontem, fui ao mercado com minha esposa. Em determinado momento, nos dividimos, em função de ganhar celeridade no PROCESSO. Acontece que ela foi abordada, assim como eu, por uma criança, pedindo leite Ninho. Esse é o PROCESSO da vida, e não dos livros, ou do Direito. A atitude foi a mesma. Passamos o produto como nosso. Quando nos encontramos e conversamos sobre o fato, achamos que a família era a mesma. Mas não. As famílias eram distintas, postadas às portas do Mercado. Piedade? Não. Se você estivesse FODIDO, seria piedade?
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=mbvDftEXf9M&ob=av2e
ResponderExcluirSeria muito fácil também, para quem lê o comentário, chamar os menores de aproveitadores, porque seus familiares ficam à esguelha das portas. É porque você lêem Marx - se lêem, realmente - somente pelas telhas!!!! Antes de julgar o "comodismo" do sujeito que está lá ou discutir a "piedade" concernente às crianças, vocês ESQUECEM que o problema é FAMILIAR. No Mercado de Fatores (entenda-se: mercado de produção), a oferta de trabalho é dada pelas famílias, enquanto a demanda por trabalho é feita pelas firmas. E isso ocorre porque há um fluxo real e um fluxo monetário, em dupla via. Se você não é dono de firma, se fudeu! Independentemente do "comodismo" das famílias ou da "piedade", o desemprego tem um lastro OBJETIVO. Estou discutindo isso. Nesse caso, essas famílias mal têm o que ofertar, mesmo porque, antes disso, já foram usurpadas, provavelmente por seu avô, uma vez que foram netos de escravos.
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