domingo, 22 de abril de 2012

O JOGADOR SOLITÁRIO


Partimos do coletivo interiorizado em subjetivações. Desse modo, somos todos multiplicidades expressando maneiras de ser. Crenças, crenças, de  onde  vieram tantas?  O cérebro  é uma crença. Diga em que você acredita. Talvez no remédio para o seu mal,  no seu próprio mal, ou em você próprio. Enfim, as crenças, tão frágeis, tão poderosas, norteiam e fazem consistir  o real. Entre  elas o delírio  insinua-se como tecido de sustentação para um  eu franzino. No entanto, é preciso  viver.A psiquiatria não quer isso.Ela só quer sobreviver às custas da reprodução de uma  dependência abjeta aos seus  remédios. São tratores da mente. Desconsideram a  finura existencial dos  espíritos livres. Anseiam por um mundo clean. Ao contrário, há remédios não cadastrados que impulsionam a mente  para um desmentido  radical. O corpo “essencial” é invisível e não capturável pelos  ardis  da  tecno-medicina.O coletivo é a abstração concretizada na carne, onde vasos, nervos, ossos e vísceras contém o infinito.Chame a aurora no lugar do médico.Confesse ao sol no lugar do psiquiatra. Brinque com a lua  no lugar do hipnótico. Dá certo.
(...)
Antonio Moura - do livro Trair a psiquiatria

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