domingo, 15 de abril de 2012

CONTATOS MEDIATOS

O nosso teatro é o da crueldade, mesmo que não sejamos  competentes para  tanto. O contato  com a vida, no que  ela possui de mais  radical, é coisa da clínica. Ou então a clínica  será um monumento à covardia. Os psiquiatras, por  exemplo,  se  refugiam em corporações.  Conversam  com seus  pares, alimentam redundâncias exaustas. Haldolizam  as  linhas de  fuga  do pensamento. Mantém um teatro da representação onde a política  tem o Estado como centro decisório. Criam   uma  verdade, mas  uma verdade  baixa, como  diria  Deleuze. Os psiquiatras como  pessoas não estão  no jogo. Resta a psiquiatria como registro  do caos e significado para  viver.  Como intervir, então, sobre  o que não  necessita  de  intervenção? Reina a paz  nas  hostes  psiquiátricas, exceto pelo inferno das  lutas  antimanicomiais. O psiquiatra se sente atingido no self. Adianta  dizer  que  a questão é  outra? Adianta chamá-lo de não psiquiatra e ao mesmo tempo psiquiatra? A esquizofrenia se  aproxima.  Sem que  se note, chega  o tempo do anticontrole.  O teatro de máscaras tem Foucault, Kubrick e Hesse  entre  outros personagens. O diálogo com os  psiquiatras é  autista e  cômico. Prefiro  as viagens no mesmo lugar,  ou o roubo do pensamento.
(...)
Antonio Moura - do livro Trair a psiquiatria.

2 comentários:

  1. http://www.youtube.com/watch?v=Q-APet_i2nw&feature=related

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  2. Para começar a semana, Gilberto Gil:

    http://www.youtube.com/watch?v=VqVwY5PJNGw

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