quinta-feira, 10 de maio de 2012

CLÍNICA

Partimos do coletivo  interiorizado em subjetivações. Desse modo, somos  todos multiplicidades expressando maneiras de ser. Crenças, crenças, de  onde  vieram tantas? O cérebro  é uma crença. Diga em que você acredita. Talvez no remédio para o seu mal,  no seu próprio mal, ou em você próprio. Enfim, as  crenças, tão frágeis, tão poderosas, norteiam e fazem consistir  o real. Entre  elas o delírio  insinua-se como tecido de sustentação para um  eu franzino. No entanto, é preciso  viver. A psiquiatria  não quer isso. Ela  só quer  sobreviver  às  custas da reprodução de uma  dependência  abjeta aos seus  remédios.São tratores da mente. Desconsideram   a  finura existencial dos  espíritos  livres. Anseiam por um mundo   clean. Ao contrário, há remédios não cadastrados  que impulsionam  a mente  para um desmentido  radical. O corpo “essencial” é invisível e não capturável pelos  ardis  da  tecno-medicina. O coletivo é a abstração concretizada na carne, onde  vasos, nervos, ossos e vísceras contém o infinito.Chame a  aurora no lugar  do médico. Confesse ao sol no lugar  do psiquiatra. Brinque com a lua  no lugar do hipnótico. Dá certo.
(...)
Antonio Moura - do livro Trair a psiquiatria

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