domingo, 17 de junho de 2012

BUSCAR O  ENCONTRO

A clínica  oficial encara o paciente  segundo uma  consciência  e  um eu que no primeiro  momento são  os  parâmetros do exame.  Tal  fato  vem   implícito no  modo de pensar   psiquiátrico, habituado  a buscar a normalidade. Entenda-se “normalidade”  quando  o cérebro  está funcionando  bem,  conforme a  psiquiatria  atual:  “cérebro=mente=comportamento=adaptação  social”. Assim, a  discussão sobre a  Consciência  existe em função  da  clínica, o que, em última   instância, implica na  ação terapêutica   a partir  do Exame. Como vimos, a  pesquisa  da  consciência   se    expressa na  pergunta mesmo implícita: “Ele  está  consciente?”. É uma  indagação  que se impõe no enquadre  do exame, ou  seja, da  propedêutica  médica. Pensamos em algo distinto, conforme    a  ótica do Encontro. Não  que o  Exame em si mesmo  seja  incorreto. Ele apenas prioriza os dados de uma  corporalidade visível ou  visibilizável, buscando imobilizá-la. 
(...)
A.M.

2 comentários:

  1. Falemos da subjetividade. Para Deleuze, de um modo mais rebuscado do que o Guattari, ela é um movimento do sujeito sobre si mesmo, reinventando-se, decompondo-se e recompondo-se, cujo efeito principal é o "devir-outro". Portanto, o devir não é a subjetividade, mas sua consequência. Fora do ambiente acadêmico, mas como "livre pensador", permita-me discordar. Ora, a própria discordância já implica no fato de que não serei ouvido. O que isso quer dizer? Quer dizer que eu não estou dizendo que o sujeito é incapaz de se reinventar ou que a subjetividade inexiste, mas que, essa força é infinitamente menos poderosa do que a questão institucional na qual ela própria é engendrada. A subjetividade é capaz de reinventar, de criar, só que dentro de limites impostos pelas próprias instituições. Vejamos um exemplo concreto: a sexualidade. Que subjetividade gira em torno desse tema? Múltiplos signos, porém, todos imersos dentro de filmes pornográficos, posições catalogadas no Kama Sutra, brinquedos ou frutas, número de parceiras, etc. Existe um modus operandi da sexualidade, que é a sua própria subjetividade; todavia, a subversão dessa sexualidade também é subjetividade. Entenderam? A subjetividade tem o limite próprio da instituição, porque o foco está nela, no território. O devir-inseto de Kafka é uma deformação do próprio sujeito, operada dentro da relação entre ele, a loucura e o quarto. Ao contrário, OS AFETOS SÃO PRÉ-INSTITUCIONAIS E PÓS-INSTITUCIONAIS. Nesse sentido, O FOCO NOS AFETOS presume que, no caso do exemplo kafkiano, uma barata se acoplou ao Gregor. O elemento do devir não é a barata, como seria em Deleuze. O elemento do devir é o "caixeiro-viajante". A barata é a própria barata, vinda de FORA, que o arrebatou, criando uma nova conformação, nova estrutura corporal. Do mesmo modo, na sexualidade, o elemento do devir não é a pluralidade de formas de experimentar seu corpo em conjugação com outro corpo ou outros corpos. O elemento do devir é a pulsão sexual, que pode se expressar até mesmo numa masturbação, a depender de como o fato gerador da masturbação, externo ao sujeito, o impulsione, o leve a agir, a se tocar e experimentar.

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  2. O foco é outro:

    http://www.youtube.com/watch?v=_cONVxzcA6U&feature=g-vrec

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