terça-feira, 19 de junho de 2012

NAS TREVAS

O combate é um micro-combate. Ele se dá na borda das instituições. Às vezes, sequer percebido,  trabalha com o imperceptível. Vale apenas por seus efeitos. Recuo  técnico, uso de fardas, rostidade erudita, material de eletro-choque, remédio químico, receituário na mão, toda uma potência do falso insinuada nos  olhos. Estes brilham uma alegria perversa. Até mesmo fugir. Fugir, "mas fugindo, procurar uma arma". O combate é sem esperança, nenhuma esperança, e se dá em noites que não voltam. A poesia morde a razão espúria. Ninguém sabe de nada, ninguém sabe nada, exceto o que é dito nos matadouros psi. Não perguntar. Quem ler saberá do que se trata. A hora responde implacável na linguagem dos saltos no abismo.  Castañeda vive.

A.M.

Um comentário:

  1. Perfeito. Gostei muito da parte: "O combate é sem esperança." Porque, dentro do humanismo, nós costumamos rotular as pessoas de "pessimistas" ou qualquer outra coisa. O combate é mesmo sem esperança, mas com alegria. Sem ressentimento. Não tenho ABSOLUTAMENTE nenhuma esperança no Brasil: a CPI do Cachoeira e o mensalão estão aí para provar. No âmbito profissional, muito menos. Mas, não é porque não acredito em nada que irei sucumbir numa depressão que me leva a um buraco negro da derrota. Temos que vencer isso. E seguir em frente, sem esperança.

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