domingo, 24 de junho de 2012

VELOCIDADES

As crianças são rápidas porque sabem deslizar entre. Fanny imagina a mesma coisa da velhice: há também nesse caso, um devir-velho que define as velhices bem sucedidas, ou seja, um envelhecer-rápido que se opõe a impaciência comum dos velhos, a seu despotismo, à sua angústia da noite (cf. a maldita fórmula "a vida é curta demais..."). Envelhecer rápido, segundo Fanny, não é envelhecer precocemente, seria, ao contrário, a paciência que permite, justamente, apreender todas as velocidades que passam. Ora, acontece o mesmo com o escrever. Escrever deve produzir velocidade. O que não quer dizer escrever depressa.
(...)
C. Parnet e G. Deleuze - do livro Diálogos

3 comentários:

  1. "O envelhecimento remete necessariamente a uma conciliação com a morte. Se não há essa conciliação, a velhice além de rápida, será inconsolável. Nesse trâmite, o ato mais complicado da velhice NÃO É A VELHICE EM SI MESMA, e sim o passado. O passado ganha peso. Por exemplo, alguém que pregou a revolução e nunca fez nada para que ela acontecesse pode realmente dar-se conta de que o tempo passou e que nada mais poderá ser feito. Assim, o PESO SERÁ DE UMA LINHA DE ABOLIÇÃO." (I.N.)

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  2. Comentário: a vida segue um curso natural, independentemente de questões sociais. Não há que se falar em subjetividade da morte. Não existe isso. Existe um curso normal, de vida: nascer, crescer, viver e morrer. Da mesma forma que se nasce, se vai. A criança e o velho se encontram em linhas diversas. Cada etapa tem seu prêmio. Mas, como tudo na vida, nada vem de graça. A 'sabedoria', o tão custoso prêmio da velhice, só adquire densidade se o velho se encontrar com a criança. É nesse sentido que foi dito em alguns comentários atrás que todos têm a certeza da morte, mas somente o revolucionário a conhece. E ele a conhece porque não a teme.

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  3. Não precisava dizer, porque está implícito no texto, mas quis dar a entender que a criança também não a teme.

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