sexta-feira, 22 de junho de 2012

À PROCURA DA DIFERENÇA: O MÉTODO (continuação)


(...) (...)Um exame do humor pode explicitar o roteiro da diferença. Os afetos  precedem o humor. Este é um tipo de afeto resultante de  forças múltiplas: bioquímicas, psíquicas, sociais, coletivas, etc. O pesquisador (obtuso)  da mente prioriza  a primeira  força  em nome do ideal asséptico da ciência positivista.  Tudo é cérebro como origem.  Trata-se de um reducionismo fabricado em nome da razão médica. Ao inverso, buscamos detectar afetos sutis que só se expressam (grosseiramente) como a entidade depressão, e daí se  inscrevem num rebaixamento da vitalidade. Isso pode ser a depressão como “doença” ou tão apenas uma  síndrome ou  uma  reação depressiva  às circunstâncias sócio-metafísicas. De todo  modo, o encontro com os  afetos  busca a intensidade dos mesmos a partir das condições  subjetivas do paciente. Qualquer um pode deprimir à  medida em que vivencia a cultura  da culpa inscrita  na  carne. Somos todos  cristãos e deprimidos. O paciente traz o humor como  um dado que muitas  vezes lhe  foi  inculcado: “sou  bipolar”. Trata-se de um processo de subjetivação psiquiátrica que se impõe como verdade  diagnóstica. Devires são cortados. 

(...)
A.M..   

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