sábado, 23 de junho de 2012

O UNIVERSO DA DIFERENÇA                                        
                                                               
Nada  é  estável. Mesmo  a natureza,  com   seu  cortejo teológico   anexado à  crença  humana  na   “maternidade”, é  fluida  e   mutante.   Mãe-natureza, você   nos  socorre?   Nada.  Não  há  garantias,  salvação  ou   igualdade de  direitos. Quem estabelece  os   direitos? A natureza  é  em essência  cruel e  indeterminada, ainda  que  bela. Esqueça   a moral.   O   argumento da  prática  é   o   empírico  invisível  e fugidio. Defensores do estado (ou do mercado)   se pegam   em discursos intermináveis. Eles querem mais é  controlar a natureza.  Ao contrário,  o universo   da diferença não  tem controle,    não tem  cronos. O  caos  se avizinha num tom musical. Aproveite.A questão  é  a da   vida. Encontrar   quem   o socius    codificou   como  o excluído, mesmo  que, pela  via  da ciência,  seja    o  incluído. As palavras  iludem  e  fazem  de  um problema, a  solução. Inverta a  frase:  faça  da  solução um problema.  Nada  a  compreender,  mas a   aceitar.    Quem   delira  espaços,   culturas,   povos,  políticas  e  a abertura  do   cosmos?  Quem     habita    zonas  produtivas   do  inconsciente?    Como chegar às    angústias  do  seu  mundo? A psiquiatria “confessa” o  fracasso. A psicanálise,  arrogante,   brocha. Estamos, pois,   a     buscar   espíritos  sensíveis   que  encontrem  um  esquizofrênico  sem  o  bom senso do cristianismo secular.  Traçar  linhas   da existência   onde  o capitalismo vacila.  Investir  um risco  infinito: afinal,  quem  é  você?  Não  uma  brincadeira, estou  certo.     A   hora   do  sonho cedeu  lugar à  exigência  de  uma  tarefa clara. Foi ao  banco? Pagou  suas  contas?  O  coração da gente  é o  de   uma  rua  da   cosmópolis.  Nada    é  fixo.  Hoje, o alimento dos  deuses    do capital  faz  de   órfãs     entranhas  edipianas:  escravizaram-nas. Resistir, resistir   na medida em que   nasce  o inumano.  Estar  em carne, mesmo em espírito. Viver  de paradoxos.   Pertencer  ao universo que  vaza  representações   e  canções   à  margem.   A psicologia não  quer.  Ela odeia  a diferença.  Não combina.   Tem ares  de ciência rasa.  Tampouco a psiquiatria e  a  sociedade. Elas  se  alimentam  de narcisos. Há    boas  intenções, sabemos.  Afinal, o humanismo marcou  nossos   gens.  Mas  um  riso sem motivo  tornou-se   o motivo  do riso.  A  hora do acontecimento se  aproxima. 

A.M.

Nenhum comentário:

Postar um comentário