sábado, 23 de junho de 2012

NOMADIS  DELIRIUM  TEMPORIUM  EST

(...) (...) Caia no mundo dos delírios, bicho, recite versos de Lautrèmont, visite o túmulo de  Franz  Kafka   e você terá uma baba espessa e viscosa escorrendo pelo piso da sala de aula. Inundação... Não se assuste com o Homem Elefante. Ele é uma figura supimpa, apesar de bizarra. Assuste-se com a manchete: “Sexo: com Viagra ou com um software de computador?” Batuta, escuta: tonteiras, enjoos, visão anuviada? Não use Tegretol. O psiquiatra vai receitar. Ele vai, acredite! “Ele não vai parar de te olhar, ele não cansará de olhar...” Dará doses mais altas, cada vez mais ergonômicas, a fim de otimizar seu bem-estar. Mas você deve prezar pela revolução, meu camarada! Ela virá. É tão certo como 2 e 2 são 5. “A revolução, as revoluções são essa espécie de fenômeno quase natural, enfim meio natural e meio histórico, que faz os Estados entrarem num ciclo que, depois de tê-los levados à luz e à plenitude, os faz em seguida desaparecer e se apagar”, diz o Careca. A instituição- psiquiatria não tardará em caminhar com o Leponex, porque ela é um dispositivo de segurança estatal preso a uma concepção cerebral orgânica. Fazer revolução, meu brother, não é se opor a ela; é, sim, inovar fora dela, nos seus arredores, lá onde só os nômades são capazes de acessar o paciente, nos cafundó do Judas. Se não é verdade, me respondam uma coisa: Qual psiquiatra encontraria Gulliver e os liliputianos? Qual psicólogo? O tempo muda, a roda gira, Cronos trabalha, mas as funções apenas se rearrumam, rearranjam, se recombinam de uma forma técnica ou de outra, e tudo retorna ao ponto inicial: a cobiça por controle. Onde está o Aion? Ou, perguntado de outra maneira, tal qual um barbudo do séc. XIX: Como realizar mudanças estruturais? Ou, tal qual Zaratustra: Será possível balançar os eixos, as cinturas, as pernas? De que maneira fazer a psiquiatria dançar? Qual é a forma de fazer a psicologia mexer os quadris? Deleuze indaga: “Não há uma perturbação fundamental do presente, isto é, um fundo que derruba e subverte toda medida, um devir-louco das profundidades que se furta ao presente?” Os corpos perderam suas medidas e não são mais do que simulacros, talvez atores, quem sabe dançarinos... As mudanças ocorrem lá onde o corpo não é mais o organismo-objeto da medicina. 
(...)
A.M. e I.N.

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