segunda-feira, 25 de junho de 2012

A LINHA ESQUIZO
                     
Sabemos que   a   Consciência   é  regida  por  representações    da  realidade. Ela  traz   a certeza  de si   ancorada       no     eu,  (que  também  é  uma  representação),  estanca  os devires e  fabrica   impressões  de  identidade.  Isto é  uma    mesa.  Aquele  é  o  paciente.   A suposta  identidade  do   outro   vem   atada  a  um  modelo  cognitivo  único: a  razão.   Institui-se,   assim,      o  hábito      de   que  o pensamento   é  um decalque  do  real.  Contudo,  pensar  só   é possível   “encontrando”  o lado de  fora,  a linha  do Fora. O  que  é  isso? Chamamos a  mente  de  subjetividade. Ela  expressa  um mundo  próprio  mediante a  criação  de   processos  singulares. Rigorosamente, não  há  “dentro” nem “fora”  da  subjetividade.   A expressão “no  mundo”   já  é  um mundo, mesmo  que  seja     delirante. O eu  se esfuma  em proveito de  linhas de  vida   que   escorrem  pelo  corpo. O centro  deixa  de ser  o eu para  ser     o corpo- superfície onde se inscreve o desejo. O corpo  é  o desejo. Aqui se  traçam e   se trançam     linhas  existenciais. Seguindo  Deleuze, são  3  as   linhas que   nos  constituem.   Enroladas umas  nas  outras, às vezes   indiscerníveis para  um olhar-clichê.   Temos:  a  linha molar  (ou sedentária), a molecular  (ou  nômade) e  a  de fuga. Vejamos algumas de suas  características  no campo  da  saúde  mental, mais especificamente no  paciente.  A linha  sedentária  estabelece  um papel social   “estável”   hoje  nomeado  “portador  de  transtorno  mental”. A linha nômade   expressa  singularizações   que  escapam à  forma-doença. São estilos de  vida,   maquinando  uma certa arte,  talvez  a arte de viver. Por  fim, a  linha de  fuga; a mais inesperada e louca: traduz universos  insólitos  não   sonhados pela  organização  molar.É o mundo abstrato  das  formas  não instituidas. Tudo  isso  compõe   os  processos subjetivos. A linha  de  fuga, sem  dúvida, a  mais estranha  e arriscada,  traz a questão  da loucura  para dentro  da Clínica. Deste modo, a avaliação  da Consciência é  apenas um elemento ( dos  mais  frágeis) para  se poder dizer  “quem é o paciente?” A sua  identidade, estabelecida pela  razão  psiquiátrica e  por todas as  razões  de mando e comando, revela-se  uma    linha  pronta  a se  encaixar  no  molde diagnóstico. Qual  o  CID?    Falamos  de outra  coisa,  talvez inominável. Portamos   a  Consciência  e suas representações da  realidade  porque  a  tal Realidade não é  a “nossa”  e sim a que nos  fazem acreditar. O paciente recusa-a. Ele   escapa por   linhas-sintomas  (o delírio, a alucinação, etc) nem sempre criativas, e muitas  vezes  destrutivas para  si  e para  os outros. As  linhas  moleculares (singularizações)  se  tornam  meras  esquisitices e as linhas  de  fuga  buracos  negros enregelados e malditos. A linha esquizo  passa  então   a ser  a entidade  clínica  tão cara  à psiquiatria e  aos  seus  axiomas. Veja:  é    esquizofrenia!  Apesar  disso, ela é  a  linha  do  Fora ( onde  é  possível  pensar)   pois está em  contato com  forças inumanas. O Inconsciente não freudiano,  reservatório de  multiplicidades  pulsantes,  está  aí, mesmo sem ser  visto. A arte, mais uma vez, comparece. Seus  paradoxos e  expressões   são  uma  linha  esquizo  se  esboçando, se  fazendo... 
(...)
A.M.

Um comentário:

  1. A Linha Esquizo:

    Quem sou?

    Um pouco do que Adriano sente e vive com relação à favela. Um pouco da determinação, timidez, superação e força do LeBron James. Um pouco do talento, do humor sarcástico e da elegância da meia-idade do House. Um pouco do idealismo de um Nelson Mandela e do tédio e solidão de um Blade Runner. Um pouco da paixão juvenil do Daniel San em Karatê Kid, à espera de um amigo como Sr. Myagi. A saudade, o charme, o carisma e a alegria carioca. Um pouco do humor idiota do Adam Sandler.

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