quinta-feira, 21 de junho de 2012

À PROCURA DA DIFERENÇA: O MÉTODO

O psiquiatra tem  à sua  frente o “movimento”  e só  consegue  ver  a forma estática e a  matéria  sólida.   Claro, foi  treinado   para isso.Falamos de  outra  coisa, a clínica  in vivo, o  trabalho   com a  matéria invisível, o meio do qual o paciente faz parte,  a ausência  de coordenadas  espaço-temporais  estáveis. O  eu  é uma delas. Quem você é  ?  Isso  vale   para  o psiquiatra  seguro  da (sua)  verdade. A incerteza do  eu  e  das  crenças  básicas  precede  o  Encontro.   Não  há   clichês. O  paciente   não  tem forma.  Seu  desejo  não  tem  forma.  Ele age  como  produção de universos móveis.  Isso é difícil  de  aceitar. Como   encontrar  o paciente pela via  da multiplicidade? Como acessá-lo de  um modo  diferente do da psiquiatria  biológica e farmacológica? Parece quase impossível ou  talvez algo  delirante para  os  que  estão presos à   grade da CID-10. Encontrar o paciente é encontrar  a si  mesmo. Esta seria  uma  fórmula  estéril  se  estivesse   atada  à  visão do eu como  interioridade  psíquica.  Contudo, trata-se de  outra  coisa.  Buscamos sair  de nós  mediante uma exposição  aos  signos do  mundo. “Você  traz  novidades que  me  fazem ser  diferente”. É  uma base  para  o tratamento, são potências  a  serem  descobertas  no paciente e no psiquiatra. O paciente, apesar  de  codificado pela  psiquiatria,  funciona  em  linhas  da   diferença  que vazam. A forma dada,  estática,  no fim  das  contas, é  efeito  do  poder  médico. Isso dificulta  uma   prática em direção a  expressões  novas. Sendo assim,  o exame da mente para encontrar a mente  terá    que  se   transformar   numa produção/intuição de multiplicidades. Não  mais    haveria   exame  mental  porque  a “mente” não  é  algo  visível. E o que  seria  examinado  (ou  encontrado)?
                 Devires. Eles compõem processos  do desejo e articulam   crenças. Deste modo,  afetos e  crenças desarranjam a máquina dos sintomas-fármacos.
(...)
A.M.     

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