PSEUDO-EQUIPE EM SAÚDE MENTAL
Que concepções da loucura norteiam o trabalho de uma equipe?Ora, essa questão remete necessariamente à psiquiatrização e ao conceito de mente que lhe é correlato. Loucura seria um erro da mente,o avesso da razão. Isso não está explícito, mas funciona nas operações de montagem de uma “certa” clínica. Desse modo,a loucura passa a não existir enquanto experiência-limite, mas enquanto desordem do pensamento. Está cifrada como transtorno, o que impede o acesso, ainda que relativo, ao universo de sentido do paciente.Não estamos a dizer uma novidade, e sim que essa novidade é uma antiga lição aparentemente superada pelos avanços neuro-científicos. No trabalho de uma "pseudo-equipe", esse dado é assumido como verdade do progresso, ou progresso da verdade, tanto faz. A fé na ciência da mente espalha-se no organismo grupal como a sua própria natureza. Esse organismo é o que chamamos de pseudo-equipe.É na realidade uma organização e se impõe como realidade da saúde mental. Encarna em si mesma uma identidade, um eu-grupo consciente das obrigações para com o paciente.Ora, é óbvio que se trata meramente de obrigações formais ditadas pelo estado e reproduzidas em automatismos assistenciais institucionalizados. Isto subsiste nas práticas sociais e imprime uma marca subjetiva adotada como referência de trabalho. Daí resulta a imagem da Saúde Mental como o guia maior para ajudar o paciente, aquele que não é normal, ou no mínimo, não se adapta aos modos de vida estabelecidos.
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A.M.
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