terça-feira, 12 de junho de 2012

TEATRO

O nosso teatro é o da crueldade,   mesmo que  não sejamos  competentes para  tanto. O contato  com a vida,  no que  ela possui de mais  radical, é  coisa  da clínica. Ou então a clínica  será um monumento à covardia.  Os psiquiatras, por  exemplo,   se  refugiam em corporações.  Conversam  com seus  pares, alimentam   redundâncias  exaustas.  Haldolizam   as  linhas de  fuga  do pensamento. Mantém um teatro da  representação onde a política  tem o Estado como centro decisório. Criam   uma  verdade, mas  uma verdade  baixa, como  diria  Deleuze. Os psiquiatras como  pessoas não estão  no jogo. Resta   a psiquiatria  como  registro   do caos e  significado para  viver.  Como intervir, então,  sobre  o que não  necessita  de  intervenção? Reina  a paz  nas  hostes  psiquiátricas, exceto pelo inferno  das  lutas  antimanicomiais. O psiquiatra se  sente  atingido no self. Adianta  dizer  que  a questão é  outra? Adianta chamá-lo de não psiquiatra e ao mesmo tempo psiquiatra? A esquizofrenia se  aproxima.  Sem que  se note, chega  o tempo do anticontrole.  O teatro de máscaras tem Foucault, Kubrick  e Hesse  entre  outros personagens. O diálogo com os  psiquiatras é  autista e  cômico. Prefiro  as viagens no mesmo lugar,  ou o roubo do pensamento.
(...)
A.M.

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