segunda-feira, 23 de julho de 2012

ALIANÇAS

Na  cena da  saúde mental,  muitas instituições  presentes,   nem por isso  identificáveis. Fala-se   do espírito da medicina e do   cortejo de especialidades voltado ao bem do paciente. O caso psiquiátrico é único, pois seu   especialismo  está  à serviço da instituição. Esta  se oculta.  Trata-se  de um dispositivo que operacionaliza um modelo abstrato de  concepção do homem   e por extensão da  racionalidade. Tal “modelo abstrato” surgiu de situações  concretas, por  exemplo, ao se   encarcerar  um  louco. Velhas  histórias por demais  desconhecidas, cada  vez mais enterradas nos porões de um inconsciente institucional,  assombram  consciências puras. Assim,  alianças povoam o universo psiquiátrico.  Não  é possível separá-las umas  das outras, tais  os  amálgamas embutidos em confissões de atos em palavras  e ordens. Ser psiquiatra é ser médico. Truísmo envolvente que põe até mesmo homens gama  à  serviço do controle das  condutas.  Fica mais fácil a propagação dos  códigos que não firam o bom senso. Não há mais escolas psiquiátricas, como existiam a orgânica e a psíquica. Todos  agora pregam  a devastação das cadeias  do cérebro em prol de um novo dualismo. Cérebro e corpo. No entanto, falamos de outras  alianças. No fundo da  noite, populações do inconsciente deslocam-se. São afetos sem nome, riscos nômades atravessando o deserto do organismo. Instituem o corpo sem chaga nas mãos  e   sem vergonha  nos  olhos. Um paciente egresso de armaduras químicas sai à  rua em busca  de parceiros. Pode ser no seu quarto o encontro que  se avizinha. Ou a hora da morte que chega num parto natural. Pode  ser.
(...)
A.M.

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