ALIANÇAS
Na cena da saúde mental, muitas instituições presentes, nem por isso identificáveis. Fala-se do espírito da medicina e do cortejo de especialidades voltado ao bem do paciente. O caso psiquiátrico é único, pois seu especialismo está à serviço da instituição. Esta se oculta. Trata-se de um dispositivo que operacionaliza um modelo abstrato de concepção do homem e por extensão da racionalidade. Tal “modelo abstrato” surgiu de situações concretas, por exemplo, ao se encarcerar um louco. Velhas histórias por demais desconhecidas, cada vez mais enterradas nos porões de um inconsciente institucional, assombram consciências puras. Assim, alianças povoam o universo psiquiátrico. Não é possível separá-las umas das outras, tais os amálgamas embutidos em confissões de atos em palavras e ordens. Ser psiquiatra é ser médico. Truísmo envolvente que põe até mesmo homens gama à serviço do controle das condutas. Fica mais fácil a propagação dos códigos que não firam o bom senso. Não há mais escolas psiquiátricas, como existiam a orgânica e a psíquica. Todos agora pregam a devastação das cadeias do cérebro em prol de um novo dualismo. Cérebro e corpo. No entanto, falamos de outras alianças. No fundo da noite, populações do inconsciente deslocam-se. São afetos sem nome, riscos nômades atravessando o deserto do organismo. Instituem o corpo sem chaga nas mãos e sem vergonha nos olhos. Um paciente egresso de armaduras químicas sai à rua em busca de parceiros. Pode ser no seu quarto o encontro que se avizinha. Ou a hora da morte que chega num parto natural. Pode ser.
(...)
A.M.
http://www.youtube.com/watch?v=LbQ2BTt3maU&feature=g-vrec
ResponderExcluir