ANTI-REMEDEIRO
(...) (...)De início, assinalamos que o psiquiatra não é (ou não deveria) ser um passador de remédios, um remedeiro. Ao contrário, pela via do Encontro, ele busca percutir linhas de vida, mesmo que elas não se mostrem de pronto. Existe a escuta expectante das multiplicidades. São falas que podem ser decompostas em territórios existenciais delicados. Dobras subjetivas para além do olhar-clichê. Por isso, é preciso ver ao invés de enxergar. Ver o paciente como “não paciente” sem que isso seja uma negação da realidade. A relação é, pois, não hierárquica. A suposta ajuda construída na linha dos devires torna-se desejo de ser o outro sem sê-lo. Não uma pessoa à frente, mas linhas entrelaçadas, umas se expressando, outras não. Explorar os paradoxos na cena do Encontro implica em jogar papéis sociais, coletivos, inumanos. A questão passa a ser buscar formas de expressão. Pode ser pela fala, pelo silêncio, pelo corpo, pelas atitudes, etc. Importa a expressão e a potência de criar que lhe é correlata.
(...)
A.M.
Nenhum comentário:
Postar um comentário