quinta-feira, 19 de julho de 2012

ANTI-REMEDEIRO

(...) (...)De início, assinalamos  que  o  psiquiatra  não   é (ou  não  deveria) ser  um  passador  de remédios,  um  remedeiro. Ao  contrário, pela  via  do Encontro, ele busca percutir  linhas  de  vida,  mesmo  que  elas não se mostrem de pronto. Existe a escuta   expectante  das multiplicidades. São  falas  que podem ser decompostas  em  territórios  existenciais  delicados. Dobras subjetivas  para  além  do  olhar-clichê. Por  isso, é preciso  ver  ao  invés de enxergar. Ver o paciente como “não paciente” sem que isso seja uma negação da realidade. A relação é, pois,  não  hierárquica. A  suposta ajuda  construída na linha  dos devires torna-se desejo de  ser o outro sem sê-lo. Não  uma pessoa à frente, mas linhas  entrelaçadas, umas se expressando, outras não. Explorar os paradoxos na cena do Encontro implica  em jogar papéis sociais, coletivos, inumanos. A questão  passa a ser buscar formas de expressão. Pode ser pela  fala, pelo silêncio, pelo corpo, pelas atitudes, etc. Importa a expressão e  a potência de criar que  lhe  é correlata.
(...)
A.M.

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