domingo, 29 de julho de 2012

da série: poesia na veia - 1


o capitalismo é de fato
um ser da morte
muito vivo


A.M.

Um comentário:

  1. Passei anos ligado a um processo de subordinação tácita, servindo de secretário para telefones, pagamento de contas, imerso em problemas familiares que não eram meus, mas eram psicopatológicos. Convivi ali. E, tal qual Bruce Wayne, fui um homem de privilégios. Não nasci, nem cresci no inferno (vide fotos de criança). E não vi só o inferno de dentro de casa. Conheci a favela, vi a favela, vivi a favela. Estagiei no Centro de Menores Infratores. Conheci a tristeza de Hospital Psiquiátrico e Hospital de Custódia e Tratamento. Depois, alguns anos de desemprego se estendiam, tornando as noites mais claras que os dias. Geralmente, estava sozinho. Quando me casei, achei que não ficaria mais tão sozinho. Foi quando percebi que a solidão não tinha preço. Mergulhei em um processo de vazio numa cidade deprimida. Fiquei deprimindo junto com ela. Tentava escalar o "rochedo da castração" e não conseguia. Até que um dia, Batman apareceu. Apareceu com toda sua tormenta, com todas as trevas, me fazendo crer que alguma coisa sustentei até aqui. Não sabia exatamente o que era. Até então, era apenas um adolescente rebelde. De repente, vi que era mais do que isso. Estava dentro de um buraco negro, de um poço sem fundo, as escolhas do passado, as necessidades do presente, a ausência dos amigos, sem culpa. Havia o limite, a experiência-limite: ou eu saía para me tornar um herói, ou sucumbia.

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