segunda-feira, 30 de julho de 2012

POESIA

A linguagem poética fere  de  morte  o princípio de identidade do discurso inteligível da  técnica. É isso mesmo. Uma experiência-limite não precisa de palavras. Isso desconcerta a clínica do cérebro. Esta, busca  neuro-lugares e pontos  fixos.  Cortem  aqui. Cortem ali.  A representação do Mesmo é batata. Abram alguns cérebros e lá estará  o rigor mortis. Enfim, um método infalível. Ele gargalha sobre a última  fronteira. Que se passa? Ainda  bem:  há poesia injetada em   agulhas  finas. A linguagem desliza: criança, poeta, louco, vidente, artista, a tralha  dos sem-eu, todos descem pelo conta-gotas da  resposta aos  sintomas. Não  há  como se  explicar  aos  cientistas.  O tecido poético cria  muito antes  da medição dos contornos da hipófise. É matriz e argamassa das construções exatas sobre o funcionamento dos neurônios do baixo clero. Precisamos de mais poesia, mais, até  saturar os átomos  da  cabeça pensante. No entanto, o pesquisador acadêmico enuncia o veredicto das  horas perdidas em conversas tolas. A condenação dirige o condenado às labaredas do inferno das psicoses, dos retardos e das demências  irreversíveis. Toca o horror da  patologia, limpa a mesa cirúrgica com estabilizadores do humor.Assim fica fácil destruir subjetividades  em nome da ciência. Sem metáfora.
(...)
A.M.

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