segunda-feira, 30 de julho de 2012

O CORPO NÃO É O ORGANISMO

(...) (...) Na  lógica do Encontro não  buscamos  um saber,  mas um  não-saber,  já  que  a loucura é  a “essência” do  não-saber, fundo sem fundo da condição humana. Então, a pesquisa das  crenças  segue o  itinerário do acaso, do indeterminado e do  desconhecido. É uma manobra difícil, já  que  destrói  códigos  inscritos no construto médico do louco. Louco=paciente da mesma forma que tuberculoso=paciente? Claro que não. Então, no âmbito  biomédico não há chance do  paciente ser escutado. Este modelo não está errado. Ao contrário, foi concebido para  isso, feito para isso: trata-se de um monólogo recitado na presença do paciente.Uma distância se  instaura como  lugar  fixo  de quem manda e de quem  é mandado.  Para escutar  o  paciente  o que  então será  preciso? Ora, a escuta médica é “filha” do olhar técnico, imobilizador. Propomos a antiescuta como uma atitude de escuta para além da fala padronizada; “estou   mal”; isto se dá como  expressão de um corpo-produção, sobretudo um corpo invisível que é preciso achar. Novas semiologias serão  possíveis.
(...)
A.M.

Um comentário:

  1. Não, não estou mal. Estive mal. Esperava a ajuda, a companhia, o que quer que seja, de espíritos encarnados, enquanto um espírito desencarnado insistia em me atormentar. Até que, um dia, achei forças. E aqui, meus caros, não há explicação. Quem tem, tem; quem não tem, simplesmente não tem. Não há que se fala em "força de vontade" - conceito comum às religiões. Era eu derrotado pela depressão, pela descodificação. Onde me codificar? Se eu ficasse doente ou fosse um doente, não faltaria ajuda, podes crer. Todos me acham legal. Muita gente gosta de mim. A questão é justamente essa: deprimi porque não pedi ajuda a ninguém, não incomodei ninguém, não sacaneei ninguém, queria apenas meu espaço. Esse espaço não chegava. E, aos poucos, percebi que o HUMANISMO das pessoas ao meu redor era uma questão de poder. Me vi sozinho, em face da depressão. Dei um salto sem a corda. Um salto no desespero. E, felizmente, consegui. Não foi processual. Nem gradativo. Tudo de uma vez. Uma decisão: tudo ou nada. Quando cheguei do outro lado, havia milhões de vozes que não são deste mundo me parabenizando e dizendo: "Sabíamos que você conseguiria. Estávamos esperando por você. Demorou até."

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