domingo, 22 de julho de 2012


SINTOMA

O paciente carrega   sintomas. O médico conversa  com eles. Todo paciente é uma  multiplicidade  de sintomas, inclusive ele. O eu-sintoma se expressa por  signos. Envia signos, não para  serem  decodificados, mas para criarem um mundo. Este mundo precisa de aliados, operadores de  territórios. Então, o sintoma que a farmacoterapia alcança, “deve” ser substituído por territórios existenciais. Pode ser qualquer coisa, a mais  insignificante. Caso não aconteça, o paciente vira o sintoma que vira o diagnóstico que não vira mais (*)  Isso  fecha uma ação  redundante  sobre  si mesmo, um sistema  fechado. Como Ilya Prigogine, acreditamos nos  sistemas  longe  do equilíbrio  onde rearranjos da matéria afirmam  universos  virtuais. Desse modo, sintomas podem ser  usados  como trampolins psíquicos, disparadores de processos vitais. A psiquiatria, ela própria, é  um sintoma, ou um analisador da sociedade industrial. Extingui-lo seria extingui-la. Isso não é  (ainda) possível face às atuais correlações de forças. No entanto, reutilizá-la em pedaços  dispersos para  uma clínica a se inventar... como fazer?
(...)
A.M. - do livro Trair a psiquiatria

(...) No sentido em que se diz "Esse carro não vira"

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