quarta-feira, 25 de julho de 2012

GRUPISMOS  EM  SÉRIE


A  maior parte dos grupos  humanos está  assujeitada a instâncias transcendentes. Pode ser  o eu  do líder, o nome  da família, a  imagem do rei, as palavras  do mestre, certa  filosofia, as  coerções de  uma  organização, a competitividade, a  palavra da mídia, a ciência, o consumo automático, a  arte, a revolução, Deus,o partido, etc. A lista é praticamente infinita.O que  esses dados  heterogêneos  tem  em comum é a função de conduzir   o grupo  em direção a  objetivos  fora  dele mesmo. Ou seja, o grupo só existiria  a partir de algo que  o ultrapassasse como vivência  concreta de  si.  Tal  vivência recolhe  o que  vem de  fora  (pois nenhum grupo   surge  do nada ) e ergue uma crença no imaginário, o qual se torna  parte de um senso comum  grupal. “Todos pensam assim”.  Uma crença coletiva  faz  do  grupo  a  natureza que o “autoriza”   a assumir  uma  espécie  de essência, forma e status. Irão aí  medrar as  futuras  burocracias e os  micro-fascismos, de  onde  a instituição da  Grupalidade  fabrica um  refúgio bem sucedido    das   forças  do  tempo e do caos. “Você não  é dos  nossos”. “Morte ao  estrangeiro”, “só entra  aqui sendo...” são palavras  de ordem que  passam a ressoar na  vida  do  grupo  como formações inconscientes.
(...)
A.M.

2 comentários:

  1. As pessoas falam de lugares representados e muitas vezes é exatamente tal lugar o sinônimo da fundamentação. É como se o lugar falasse pela pessoa. A pessoa estagnou no tempo, parou; parou de produzir. Vide Caetano e Gil. Mas, Caetano fala pelo fantasma do passado e Gil também. Disso resulta que um Acadêmico renomado pode falar o óbvio ou uma besteira monumental, mas o rosto está presente - para compreensão, vide Nelson Rodrigues ou o Deleuze, no que tange a rostidade. Se você não tem lugar, as pessoas projetam em você o não reconhecimento desse lugar: "Não sei o que fazer com ele..." Na verdade, sabem. É que, por uma questão de poder, é muito mais fácil admitir para si próprio que O OUTRO ESTÁ PRECISANDO. Para fundamentar esse enunciado (ELE PRECISA DE MIM), há diversos códigos: ele é doente, desempregado, louco, discriminado, ladrão, usuário de drogas, etc. E quando você não tem onde pôr o cara?

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  2. O psicopata é um arquiteto da verossimilhança, mas, nem todo "verossimilhante" é um psicopata. De comum no psicopata, só a necessidade e o prazer de fazer o mal ao outro, porque até a culpa assume características distintas, a depender do caso. Há psicopatas que sentem culpa, embora não consigam deixar de fazer mal ao outro. Dificilmente os psicopatas trabalham sozinho, uma vez que a verossimilhança exige a intersecção de grupos, identidades ou instituições. O psicopata não é um "outsider". Ele pode até criar um delírio onde ele é "outsider" e, por isso, deve se vingar, exercendo, concretamente, violência sobre os outros. Mas, para não me prolongar muito, quero falar de como essa verossimilhança é trabalhada, arquitetada pelo psicopata. Seu problema principal é: "Como fazer para impressionar a imaginação das massas?" Inteligência e razão são incapazes para atingir este fim, por isso, eles não enganam os vigilantes. Marco Antônio não teve a necessidade de grande retórica para levar o povo a se posicionar contra os assassinos do César. Bastou ler o seu testamento e mostrar o seu cadáver. São feitos maravilhosos que são apresentados: uma grande vitória, um grande milagre, um grande livro, um grande crime, uma grande esperança. Essas coisas são apresentadas em bloco. Daí, eles ludibriam pela sedução, como no ilusionismo, onde a verdade é suprimida pela captação dolosa.

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