GRUPISMOS EM SÉRIE
A maior parte dos grupos humanos está assujeitada a instâncias transcendentes. Pode ser o eu do líder, o nome da família, a imagem do rei, as palavras do mestre, certa filosofia, as coerções de uma organização, a competitividade, a palavra da mídia, a ciência, o consumo automático, a arte, a revolução, Deus,o partido, etc. A lista é praticamente infinita.O que esses dados heterogêneos tem em comum é a função de conduzir o grupo em direção a objetivos fora dele mesmo. Ou seja, o grupo só existiria a partir de algo que o ultrapassasse como vivência concreta de si. Tal vivência recolhe o que vem de fora (pois nenhum grupo surge do nada ) e ergue uma crença no imaginário, o qual se torna parte de um senso comum grupal. “Todos pensam assim”. Uma crença coletiva faz do grupo a natureza que o “autoriza” a assumir uma espécie de essência, forma e status. Irão aí medrar as futuras burocracias e os micro-fascismos, de onde a instituição da Grupalidade fabrica um refúgio bem sucedido das forças do tempo e do caos. “Você não é dos nossos”. “Morte ao estrangeiro”, “só entra aqui sendo...” são palavras de ordem que passam a ressoar na vida do grupo como formações inconscientes.
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A.M.
As pessoas falam de lugares representados e muitas vezes é exatamente tal lugar o sinônimo da fundamentação. É como se o lugar falasse pela pessoa. A pessoa estagnou no tempo, parou; parou de produzir. Vide Caetano e Gil. Mas, Caetano fala pelo fantasma do passado e Gil também. Disso resulta que um Acadêmico renomado pode falar o óbvio ou uma besteira monumental, mas o rosto está presente - para compreensão, vide Nelson Rodrigues ou o Deleuze, no que tange a rostidade. Se você não tem lugar, as pessoas projetam em você o não reconhecimento desse lugar: "Não sei o que fazer com ele..." Na verdade, sabem. É que, por uma questão de poder, é muito mais fácil admitir para si próprio que O OUTRO ESTÁ PRECISANDO. Para fundamentar esse enunciado (ELE PRECISA DE MIM), há diversos códigos: ele é doente, desempregado, louco, discriminado, ladrão, usuário de drogas, etc. E quando você não tem onde pôr o cara?
ResponderExcluirO psicopata é um arquiteto da verossimilhança, mas, nem todo "verossimilhante" é um psicopata. De comum no psicopata, só a necessidade e o prazer de fazer o mal ao outro, porque até a culpa assume características distintas, a depender do caso. Há psicopatas que sentem culpa, embora não consigam deixar de fazer mal ao outro. Dificilmente os psicopatas trabalham sozinho, uma vez que a verossimilhança exige a intersecção de grupos, identidades ou instituições. O psicopata não é um "outsider". Ele pode até criar um delírio onde ele é "outsider" e, por isso, deve se vingar, exercendo, concretamente, violência sobre os outros. Mas, para não me prolongar muito, quero falar de como essa verossimilhança é trabalhada, arquitetada pelo psicopata. Seu problema principal é: "Como fazer para impressionar a imaginação das massas?" Inteligência e razão são incapazes para atingir este fim, por isso, eles não enganam os vigilantes. Marco Antônio não teve a necessidade de grande retórica para levar o povo a se posicionar contra os assassinos do César. Bastou ler o seu testamento e mostrar o seu cadáver. São feitos maravilhosos que são apresentados: uma grande vitória, um grande milagre, um grande livro, um grande crime, uma grande esperança. Essas coisas são apresentadas em bloco. Daí, eles ludibriam pela sedução, como no ilusionismo, onde a verdade é suprimida pela captação dolosa.
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