A DEPRESSÃO DOS TEMPOS QUE CORREM
O mau humor matinal, o mau humor da segunda-feira, o mau humor como traço de "personalidade", etc., são variações, modulações subjetivas. Não são doenças. Deste modo, o objetivo de traçar diagnósticos converge para uma clínica interessada na multiplicidade do fato psíquico e da relação do patológico com o não-patológico. É preciso sair do imperialismo psiquiátrico. Vimos acima que o humor é um conceito mal trabalhado pela psiquiatria. Em que pese a sua realidade clínica aberta, tornou-se serviçal propedêutico da psiquiatria biológica. Uma secreção interna ou um somatório de influências externas e internas? Decerto é experimentado na relação do paciente consigo mesmo e com o mundo.Trata-se de uma vivência concreta. Esta é antes de tudo composta por territórios existenciais que mudam. Pode ser produzida, exaltada ou rebaixada, assim como o humor. Formações de poder muitas vezes produzem-no como euforia dançante para o controle das massas pela felicidade. Todos felizes! . Então, a questão passa pelo que está fora, pela exterioridade dos ditos processos mentais. É evidente que o cérebro pode estar alterado. Negamos, contudo, que 1- ele torne possível uma definição única do humor; 2- o humor tenha uma consistência substancial ou um lócus cerebral ; 3- suas alterações sejam apenas ou primariamente cerebrais. 4- a hipotimia ou a hipertimia se mostrem como um a priori patológico.
(...)
A.M.
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