quinta-feira, 5 de julho de 2012


POR QUE?

- Na sua  proposta,  há um uso insistente  do termo “subjetividade”. Por  quê?
- Na verdade,a subjetividade em Saúde Mental costuma ser considerada a  partir do que  a psiquiatria, enquanto  instituição hegemônica, estabeleceu. Ou seja, haveria   uma “subjetividade-doente mental”vista como  fato natural. Tudo  gira  em torno desta  premissa, inclusive  os  que  lidam com o paciente e o próprio paciente. Eles passam a ser  psiquiatrizados.  No entanto, outras  subjetividades existem, pelo  menos virtualmente, esperando apenas condições para se afirmarem. E tal  afirmação  só  virá com  práticas  sociais concretas.
(...)
A.M.

2 comentários:

  1. Entrevista

    - "Poderia dizer, então, que na sua proposta você descarta a subjetividade?"
    - "Não. Trato a subjetividade como um 'modo de produção', me aproximando do Marx. Há um ciclo redundante: sujeito-instituição-sujeito ou instituição-sujeito-instituição. O que se chama 'outras subjetividades' tem forma, ainda que se fale 'sem-forma', porquanto não se sabe nomear a forma. Sendo assim, busco trabalhar a subjetividade, para repetir, em quesitos institucionais, socio-históricos, discursivos. Não trabalho COM a subjetividade ABSTRATAMENTE, como se houvesse outros 'seres', 'fluxos', 'intensidades'. Tudo bem. Se há, por que o psiquiatra medica? Consegue entender a questão, caro entrevistador? O problema não é a subjetividade-conceito. Novamente, retorno ao Bergsonismo para explicar. Por exemplo, quando se propõe algo como o anarquismo, pressupõe-se um 'não-ser', que, ainda que seja um 'sem forma', é um 'sem forma' ausente de hierarquias. E isso é totalmente falso, um falso problema, uma vez que o anarquismo não implicará necessariamente na queda das hierarquias, da Forma-Estado, etc. Por analogia, circunscrito ao campo da Saúde Mental, o que adianta falar em Encontro com o paciente e outras coisas mais se há a inserção da medicação como contenção do paciente? Pois bem. Não estou discutindo o uso ou não da medicação, que já é outro problema; nem estou discutindo uma prática PESSOAL em si, se fulano 'usa bem' ou 'não usa bem' o medicamento, o que se trataria de um falso problema. Estou discutindo A PSIQUIATRIA-INSTITUIÇÃO, sua forma de funcionamento, sua história e outras coisas mais. É que, muitas vezes, o papel já está tão naturalizado que fica difícil se enxergar de Fora e, consequentemente, ser afetado. Os afetos assumem uma forma autônoma, pois partem dos próprios afetos. Eles sim são abstratos em si mesmos. São pré-institucionais e pós-institucionais. Não necessariamente assumem uma forma humana. E está presente em toda forma de vida. Não há subjetividade numa planta, mas uma planta pode ser afetada. Experimente fazer uma boa poda para ver."

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  2. http://www.youtube.com/watch?v=S0wk88rjYS8&feature=g-vrec

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