sábado, 16 de junho de 2012

A CONSCIÊNCIA É UM PROBLEMA

(...) (...)  É o plano da matéria. Assim, imagem é  igual  a matéria. Estendendo a equação:   imagem= movimento=matéria=luz. Trata-se de abrir uma outra perspectiva, colocar  a  subjetividade  como  descentrada em  relação à  consciência, ao  eu  e  ao indivíduo. No Encontro,  o que  se percebe do  paciente?  Se sairmos  do âmbito estreito  do exame psíquico  e  dispositivos  correlatos, perceberemos algo que  não sabemos o que é, mas intuímos conforme linhas  moleculares.A clínica se constituirá, pois, como um campo de imagens. São vibrações, estremecimentos, fluxos de toda  ordem não registrados em   manuais e protocolos terapêuticos. Corpos  em relação contínua, ação e reação uns  com os outros. Como  nem todos os corpos  são  visíveis, a realidade do paciente  não  é  acessível  pelos  meios propedêuticos usuais. Acessá-la é traçar  linhas  perceptivas não marcadas por clichês. Temos então o problema de  uma   consciência  considerada  como  produção e  não como  produto. A consciência  não é  um “estar aí” a priori  mas o efeito de um movimento  mais  radical e  profundo  que a  ultrapassa  e a precede: o caos. Na verdade ela é uma  tela. Uma clínica  que problematiza a  consciência  começa pelo caos. Se ela se  limitar  a reproduzir  a  consciência,  também  será uma  tela.Ou  seja,  os  problemas  reais de uma subjetividade “doente” não  serão  tocados. O conceito  de  consciência serve à concepção  médica baseada  nas  estruturas  cerebrais. O que não é  um erro, e  sim  um recorte  dos processos  subjetivos. 
(...)
A.M.

Um comentário:

  1. Desisto. Se quiser continuar trabalhando com o conceito de subjetividade e acreditando que, a partir dela, é possível acessar o paciente, tudo bem, eu respeito. Só demarco aqui a diferença. Segundo minha leitura, a sua proposta de subjetividade, por mais que você torça e retorça, está de acordo com o Guattari. Nesse sentido, ambos ignoram A RELAÇÃO DE FORÇAS - O PODER. Faça o que fizer da subjetividade, fale o que quiser dela, existem dados muito concretos como limite intrínseco à sua proposta: os modos de subjetivação. Não acho que seja a partir do indivíduo que se dê uma modificação, como uma individuação pelo indivíduo. Creio que é a individuação externa, paralela, própria dela mesma (e não do indivíduo) capaz de ARREBATÁ-LO. Perceba que ARREBATAR não é o mesmo que MODIFICAR. Pelos processos subjetivos, o indivíduo permanece NO MESMO, seguindo modos próprios de comportamento que se diferenciam somente na medida da concordância social - "olha, aqui você pode delirar". Em sentido contrário, o delírio AFETA o indivíduo de FORA, a paixão AFETA o indivíduo de FORA, a raiva AFETA o indivíduo de FORA e assim sucessivamente, aumentando ou diminuindo a potência de agir de um corpo. O delírio não surge como uma forma de individuação que se dá pelo indivíduo, assim como a paixão não surge como uma forma de individuação que se dá pelo indivíduo, nem a raiva surge como uma forma de individuação que se dá pelo indivíduo. Existe uma EXTERNALIDADE do Acontecimento, que é justamento o que lhe caracteriza - a diferença, ele próprio enquanto Acontecimento. E, nesse sentido, apreender os afetos ou apreendê-lo se dá em dois níveis: a) heteroespacialidade. b) a temporalidade do aberto. Com o primeiro, quero enfatizar a pesquisa dos espaços heterogêneos às formas instituídas. Com o segundo, quero enfatizar o tempo não cronológico - como é o caso de Che Guevara que viveu pouco, mas muito mais do que pessoas que hoje têm 80 anos.

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