segunda-feira, 9 de julho de 2012


CONTINUANDO...

P- Parece que você assume uma perspectiva político-institucional.  Dialoga  com os  psiquiatras?
R-Muito difícil, quase sem chance. Os psiquiatras falam do lugar  de especialistas médicos. São  sobretudo técnicos.

P-Mas, afinal, eles não são especialistas?
R-Óbvio que sim.

P-E  então?
R-Aí está o ponto cego da psiquiatria. Não enxergar que é uma instituição antes de ser uma especialidade. Há uma forma de relação social que se consolidou no século XIX na Europa. Chamava-se “psiquiatria” e foi exportada para o resto do mundo. Toda a psicopatologia desse  século foi trabalhada com o fim de lhe dar um suporte epistemológico. Até meados do século XX, com os  trabalhos de K. Jaspers, esse objetivo continuava  sendo buscado. Após  o advento dos psicofármacos (1952) e nos anos 90 com as pesquisas neuro-cerebrais, o projeto fracassa. A psiquiatria passa a viver sem a psicopatologia que  era  por onde se produzia conhecimento. No século XXI ela caminha rapidamente para não ser mais que uma técnica de manipulação de cérebros.

A.M.

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