QUESTÕES DE IDENTIDADE
P-O sr. ainda se considera psiquiatra?
R-Sim e não.
P- Explique melhor sua posição, por favor.
R- Bem,o objeto de pesquisa da psicopatologia da diferença é a loucura e não o transtorno mental. Desse modo, pela própria natureza não-médica da “loucura”, o trabalho do psiquiatra ultrapassa as fronteiras do saber médico, aliando-se a outros saberes.Então, continuo sendo psiquiatra;como clínico busco inventar novas práticas de encontro com o paciente; como pesquisador,me pergunto sem parar :o que é a loucura? Isso norteia posições ético-políticas. Dito de outro modo, em alguns momentos sou psiquiatra. Acredito por exemplo, em certos diagnósticos orgânicos (poucos) e numa intervenção somática resolutiva, caso de um delirium tremens. Quando, porém, os conceitos de encontro, vivência e subjetividade adquirem um valor irrecusável, não sou psiquiatra. De todo modo, ser ou não ser isso ou aquilo não é uma questão metafísica mas um estilo de fazer funcionar os paradoxos.Um prática, pois.
(..)
A.M.
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