SOBRE O MÉTODO DA DIFERENÇA: EXCERTO 1
(...) (...) A análise dos afetos e dos sistemas de crenças substitui o insípido exame mental. Começa pelo corpo em ação, mesmo que esse esteja imóvel. Linhas do corpo não são as do organismo físico-químico. Os afetos se traduzem em movimentos às vezes imperceptíveis. Preenchem outro corpo, o corpo das intensidades. Os olhos. O paciente é olhado nos olhos. Eles revelam algo do nível da consciência naquele momento. Ora, o nível da consciência está em contínua mudança, mesmo que tal fato não seja percebido. E geralmente não é, exceto em situações clínicas “grosseiras” como nos quadros orgânico-cerebrais. A consciência está sujeita à flutuações. Estas escapam à visão do médico. A análise da consciência é atravessada pelos afetos e suas expressões.
(...)
A.M.
Numa perspectiva acadêmica, eu seria logo questionado: "O Deleuze fala de subjetividade no texto que você se refere e você se refere ao texto. Não é paradoxal?" Respondo, de imediato: "Não." Perceba que, ao contrário do silêncio, a exposição recai sempre numa forma representada. Se postar esse vídeo http://www.youtube.com/watch?v=IRTS9g88C7M&feature=related , por exemplo, é capaz de dizerem: "Você está fazendo apologia à maconha." Observem que o mesmo Deleuze que fala da subjetividade nesse texto é o Deleuze que diz, na p. 35: "A duração OPÕE-SE ao devir, precisamente porque ela é uma multiplicidade, um tipo de multiplicidade que não se deixa reduzir a um combinação muito ampla em que os contrários, o Uno e o Múltiplo em geral, só coincidem com a condição de serem apreendidos no ponto extremo de sua generalidade, esvaziados de toda MEDIDA e de toda substância real." Então, não proponho a leitura "ao pé da letra" ou "acadêmica". Apliquem ao real. Retomando o exemplo do "machismo", talvez eu não tenha sido claro. Aumentar a potência de agir do homem, no caso do machismo, é uma ilusão. As tarefas destinadas a um homem a mulher pode fazer tão bem ou melhor.
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