terça-feira, 3 de julho de 2012

SOBRE O MÉTODO DA DIFERENÇA: EXCERTO 1


(...) (...) A  análise dos afetos e dos sistemas  de crenças substitui o insípido exame  mental. Começa  pelo corpo em ação, mesmo que  esse  esteja  imóvel. Linhas  do corpo não  são as do  organismo físico-químico. Os afetos se traduzem em movimentos às vezes imperceptíveis.  Preenchem  outro  corpo, o corpo das intensidades. Os olhos. O paciente  é  olhado nos  olhos. Eles revelam algo do  nível  da consciência   naquele  momento. Ora,  o  nível  da  consciência está  em contínua mudança, mesmo que  tal  fato   não  seja  percebido.  E  geralmente não é, exceto em situações  clínicas “grosseiras” como nos quadros  orgânico-cerebrais. A consciência  está  sujeita  à  flutuações. Estas escapam à visão  do  médico. A   análise  da consciência  é atravessada   pelos afetos e  suas  expressões. 

(...)
A.M.

Um comentário:

  1. Numa perspectiva acadêmica, eu seria logo questionado: "O Deleuze fala de subjetividade no texto que você se refere e você se refere ao texto. Não é paradoxal?" Respondo, de imediato: "Não." Perceba que, ao contrário do silêncio, a exposição recai sempre numa forma representada. Se postar esse vídeo http://www.youtube.com/watch?v=IRTS9g88C7M&feature=related , por exemplo, é capaz de dizerem: "Você está fazendo apologia à maconha." Observem que o mesmo Deleuze que fala da subjetividade nesse texto é o Deleuze que diz, na p. 35: "A duração OPÕE-SE ao devir, precisamente porque ela é uma multiplicidade, um tipo de multiplicidade que não se deixa reduzir a um combinação muito ampla em que os contrários, o Uno e o Múltiplo em geral, só coincidem com a condição de serem apreendidos no ponto extremo de sua generalidade, esvaziados de toda MEDIDA e de toda substância real." Então, não proponho a leitura "ao pé da letra" ou "acadêmica". Apliquem ao real. Retomando o exemplo do "machismo", talvez eu não tenha sido claro. Aumentar a potência de agir do homem, no caso do machismo, é uma ilusão. As tarefas destinadas a um homem a mulher pode fazer tão bem ou melhor.

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