sexta-feira, 15 de junho de 2012

ALIANÇAS

Na  cena da  saúde mental,  muitas instituições  presentes,  nem por isso  identificáveis. Fala-se   do espírito da medicina e do cortejo de especialidades voltado ao bem do paciente. O caso psiquiátrico é único, pois seu   especialismo está à serviço da instituição. Esta  se oculta. Trata-se deum dispositivo que operacionaliza um modelo abstrato de concepção do homem  e por extensão da  racionalidade. Tal “modelo abstrato” surgiu de situações concretas, por  exemplo, ao se   encarcerar  um  louco. Velhas  histórias por demais  desconhecidas, cada vez mais enterradas nos porões de um inconsciente institucional,  assombram  consciências puras. Assim, alianças povoam o universo psiquiátrico.  Não  é possível separá-las umas  das outras, tais os amálgamas embutidos em confissões de atos em palavras e ordens. Ser psiquiatra é ser médico. Truísmo envolvente que põe até mesmo homens gama  à  serviço do controle das  condutas.  Fica mais fácil a propagação dos  códigos que não firam o bom senso. Não há mais escolas psiquiátricas, como existiam a orgânica e a psíquica. Todos  agora pregam  a devastação das cadeias  do cérebro em prol de um novo dualismo.Cérebro e corpo.No entanto, falamos de outras alianças. No fundo da  noite, populações do inconsciente deslocam-se. São afetos sem nome, riscos nômades atravessando o deserto do organismo. Instituem o corpo sem chaga nas mãos e sem vergonha  nos  olhos. Um paciente egresso de armaduras químicas sai à  rua em busca  de parceiros. Pode ser no seu quarto o encontro que  se avizinha. Ou a hora da morte que chega num parto natural. Pode  ser.
(...)
A.M.




Um comentário:

  1. Paciente nova. Ela me diz: "Doutor, é o seguinte. Minha chefa é dona da loja tal, tal e tal (três lojas MEGA de SSA). Ela está falida." Digo-lhe: "Oxe, mas como?" Resposta: "Pois é. Gastou R$150.000 só nos 15 anos da filha." Pausa. Continua: "Me pediu o nome para montar outra firma." Rápido no gatilho, assento logo ela: "Queria você como laranja..." Ela: "É. E não aceitei. Daí, ela reduziu o meu salário, se aborreceu muito comigo e disse que eu era muito honesta. Resolvi procurar terapia porque, todos esses anos, aguentei aquela chata e fiz ela crescer. Aí, agora, estou sentindo que é hora de sair. Mas como?"

    Comentário: O caso em questão é um problema psiquiátrico? Não. É um problema psicológico? Também não. Agora, essas duas constatações não RETIRAM O TRABALHO CLÍNICO. A clínica é múltipla, e não necessariamente psiquiátrica ou psicológica. Muitas vezes, é uma questão de afeto. Fui extremamente afetado por este problema social. Repito: SOCIAL. Portanto, meus caros, vamos em frente. Mais tarde, se houver desejo, falo mais sobre os AFETOS, mas não e NUNCA como uma CLÍNICA DOS AFETOS. Vocês gostam de nomear tudo!!!!!!!!!!

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