domingo, 10 de junho de 2012

ESQUIZOFRENIA PEGA

Ao exame, ir na  direção dos  afetos. Afetos do mundo, inumanos,raros,  cósmicos, opacos, que  constituem um estilo esquizofrênico. Eles sustentam o contato com o paciente  e trazem subsídios para o diagnóstico.O pensamento vem depois.O delírio vem depois. Não um “depois” relativo  a  um  tempo espacializado, mas  à  intensidade do Encontro.Sendo assim, ele  sempre vem “junto” aos  afetos, impulsionado por  estes.  Sabemos, a partir  de Szasz, que  a esquizofrenia não existe, mas o esquizofrênico sim. O esquizofrênico é o  que   diz “não tenho pai/nem mãe”. Que significa esse antifamiliarismo exposto na  clínica  em  suas  várias  formas? O esquizofrênico é o louco dos  tempos  atuais, o limite absoluto  da psiquiatria.Não costuma  ser  respeitado, não é  considerado em seu universo  próprio de  delírios ininteligíveis. É reduzido a uma  expressão simples de disfunção neuro-cerebral. Ah, os  fatores  psicossociais... serão considerados como "um depois". Assim, a esquizofrenia acaba  sendo um depositário de incertezas alimentadas pelo poder  de decidir  sobre  outrem.A submissão é interiorizada e digerida.Sem problemas.
(...)
A.M.

Um comentário:

  1. Não, o delírio não vem depois, ainda que se fale de tempo não espacializado, especializado. O delírio não é uma questão temporal. Surge no tempo por acaso. O delírio é.

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