sábado, 9 de junho de 2012


SAIR DOS TRILHOS

O delírio é um conceito-chave em  psicopatologia. Uma clínica da diferença se  faz a partir desse dado implícito , mesmo que o paciente não esteja  delirante nem seja  ou tenha sido um delirante. Sob um  olhar psiquiátrico, o delírio será um sintoma. Ainda  que tal  concepção seja  útil em momentos pontuais, ela mutila a vivência delirante enquanto  sistema de crenças estabelecido como uma verdade. Esse fato tem implicações na terapêutica  farmacológica. A ação de medicar, quando imediata, pode tamponar o sintoma e impedir que  surjam possibilidades de acesso ao universo delirante do paciente. Para melhor  equacionar os casos, partimos do fato de que existem múltiplas formas clínicas do delírio. Elas demandam  atitudes terapêuticas  distintas. Buscar linhas de singularização consiste em  pôr o delírio num quadro diagnóstico básico  sem perder a  potência  infinita de afirmar  um mundo, produzir um sentido, por mais  insignificante que este  seja. 
(...)
A.M.

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